Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela
do ônibus, depois de
trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça
na vidraça, deixo a paisagem
correr, e penso demais em você.
Quando não encontro lugar para sentar,
o que é mais frequente,
e me deixava irritado - agora não -
descobri um
jeito engraçado de, mesmo assim,
continuar pensando
em você.
Me seguro naquela barra de ferro,
olho através das janelas
que, nessa
posição, só deixam ver metade do
corpo das pessoas pelas calçadas,
e procuro nos pés delas aqueles
que poderiam
ser os seus.
Caio F. Abreu
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