segunda-feira, 9 de abril de 2012

Morre Lentamente



Morre lentamente quem não viaja, Quem não lê, 
Quem não ouve música, 
Quem destrói o seu amor-próprio, 
Quem não se deixa ajudar.  
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, 
Repetindo todos os dias o mesmo trajeto. 
Quem não muda as marcas no supermercado, 
Não arrisca vestir uma cor nova, 
Não conversa com quem não conhece. 
Morre lentamente quem evita uma paixão. 
Quem prefere O "preto no branco" 
E os"pontos nos is"a um turbilhão d emoções indomáveis, 
Justamente as que resgatam brilho nos olhos, 
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos. 


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho. 
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho. 
Quem não se permite, Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou 
da Chuva incessante, Desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, 
Não perguntando sobre um assunto que desconhece. 
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 
Evitemos a morte em doses suaves, 
Recordando sempre q estar vivo exige um esforço 
muito maior do que o Simples ato de respirar. 
Estejamos vivos, então! 


 Pablo Neruda



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