DEPRESSÃO É COISA SÉRIA
A depressão é um dirtúrbio da emoção que afeta o corpo, o humor e o pensamento; diminue o apetite e afeta o sono, a forma como a pessoa se sente e como pensa. Não é uma tristeza passageira, não é sinal de fraqueza das pessoas ou uma condição que possa ser revertida com força de vontade. A difícil convivência com um depressivo não é tão conhecida como deveria. Muitos de nós temos a convicção de que a depressão não é uma doença tão grave e maléfica. O dicionário Aurélio a define como "o ato de deprimir-se; abatimento moral ou físico". Alguns acham que depressão é doença de pessoas frágeis e cheias de problemas psicológicos e outros acham que é doença de rico, como dizem que é a enxaqueca. Outros ainda pensam que não é difícil de ser curada. Muitos acham que com uma consulta a um bom psicológo ou a um psiquiatra, resolve-se facilmente o problema.
Mas não é assim. Não é algo simples e corriqueiro. É muito difícil ajudar um depressivo. Qualquer contrariedade, por menor que seja, é encarada como uma tragédia que abate grandemente o ânimo da pessoa levando-as, na maioria das vezes, ao destempero e irritação profunda. E a pessoa assume sempre em todos os momentos e acontecimentos do dia a dia a posição de vítima, perseguida, menosprezada, humilhada e desconsiderada. Qualquer atitude que não seja de absoluto amor, carinho e consideração para com ela, a agride desagradando-a profundamente. Com essas atitudes intensamente negativas em relação a si mesma e aos outros, ela estabelece uma barreira invisível que a circunda e ninguém que conviva ou se relacione com ela, consegue estabelecer uma convivência normal e sadia, impedidos que ficam de ultrapassar esta barreira. Manifesta-se nela uma extrema repulsa e desconfiança de tudo e de todos. E, por caraterística da própria doença, o deprimido busca sempre o lado ruim das pessoas e quando não o encontra ele o cria, através de suas atitudes de extremo mau humor e desespero.
No relacionamento com uma pessoa que sofre desse mal, não devemos culpá-la em hipótese alguma por suas atitudes e reações erradas, do mesmo modo que não podemos culpar um doente por sua doença e nem nutrirmos antipatia contra ele. Odiar o doente pelo fato de estar doente não é uma atitude inteligente e lúcida e nem civilizada. Um doente precisa de remédios, ajuda, tratamento e muitas vezes de respeito, carinho e amor, principalmente quando se trata de um amigo, um parente ou um cônjuge. Até por que qualquer atitude diferente destas, agravará o estado do doente, e, em se tratando de um depressivo, afetará toda a convivência familiar, surgindo daí, mais aborrecimentos e contrariedades.
É preciso exercitar ao extremo a paciência, o que não será tão difícil se o doente for uma pessoa da qual gostamos ou amamos, como acontece via de regra. E se não for, essa mesma paciência é imprescindível, para que prevaleça um bom relacionamento do doente, com todos os quais se relaciona.
Desta atitude surgirá então mais compreensão, mais aceitação dos infortúnios por parte do depressivo, por suas próprias falhas e erros, os quais também nós cometemos como qualquer pessoa normal. Afinal, ninguém é perfeito. A prática permanente desse modo de conviver com um depressivo, poderá trazer grandes alegrias ao próprio doente e aos que com ele convivem, na medida em que atitudes inteligentes e solidárias sejam tomadas em seu favor pelos que o cercam.
Estou convencido de que muito mais do que assistência médica e uso de remédios - que são imprescindíveis - o depressivo precisa de compreensão, carinho e apoio - mesmo quando está errado - das pessoas mais próximas do seu relacionamento. A vida é uma sucessão de experiências boas e más e precisamos compreender que o depressivo age do modo que age não por iniciativa dele mesmo ou por ato da sua vontade, mas em consequência de sua doença. Ele é uma vítima indefesa que precisa de ajuda, e ao perceber que essa ajuda não vem, se desespera e propicia mais combustível para o fogo destruidor do mal que o acomete.
Nenhum doente carece mais da compreensão das pessoas do que o depressivo, por que ele não depende exclusivamente dos remédios mas sim de amigos incondicionais que estejam dispostos a dar de sí sem esperar que se lhes dê razão. Este tipo de relacionamento pode ser mais bem definido pela palavra amor. É fundamental na recuperação do depressivo que ele sinta que é amado e compreendido mesmo quando está errado, diferentemente de todas as doenças, pois o seu mal é muito mais de origem psicológica do que física. É preciso devolver-lhe a confiança mostrando-lhe que ele não está só, que existem pessoas que o amam e se preocupam com ele.
Agindo assim, esta doença tão comum nos dias de hoje, poderá ser vencida. Mas, não se pode negar que o caminho é muito difícil e cheio de percalços, idas e vindas, exigindo por isso mesmo, paciência, desprendimento e muita determinação. Tudo isso mesclado com muito, muito amor.
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